O mês de janeiro se encerra e, com ele, a Campanha Janeiro Branco. Instituída pela Lei nº 14.556 de abril de 2023, essa campanha é dedicada à promoção da saúde mental.
Transtornos mentais estão entre as dez principais causas de incapacidade em todo o mundo. A pandemia de COVID-19 agravou estes números: a prevalência de sintomas depressivos subiu de 10% em março de 2020, início da pandemia, para 19%, em março de 2021. Além disso, o número de episódios psicóticos primários também sofreu um aumento de 29% entre 2019 e 2021. Como consequência, a prescrição de antipsicóticos e antidepressivos aumentou significativamente.
O artigo selecionado para esta semana é uma revisão da literatura que aborda o manejo de transtornos mentais e o papel da genética na resposta aos tratamentos. O artigo pode ser lido aqui.
Resistência ao tratamento com antipsicóticos e antidepressivos
Muito utilizados para tratamento de transtornos mentais graves, antipsicóticos e antidepressivos apresentam efetividade limitada: sabe-se que a resistência ao tratamento para doenças psiquiátricas varia de 20 a 60%. A esquizofrenia resistente ao tratamento pode ocorrer em até 34% dos pacientes, mesmo sob doses e adesão adequadas. Já em pacientes depressivos, a resistência ao tratamento atinge até 58% dos pacientes.
A resistência ao tratamento pode ocorrer por diversos motivos, como alterações nas vias dopaminérgicas, serotoninérgicas e do glutamato que resultam do uso desses medicamentos. A ocorrência de eventos adversos, como sintomas positivos (p.ex., psicose e alucinações), também é comum com antipsicóticos.
Papel da farmacogenética na resposta a antidepressivos e antipsicóticos
A farmacogenética é um dos principais fatores que induzem a resposta anormal a esses psicoterápicos. Isso se dá devido a variantes nos genes CYP2D6, CYP2D19, CYP2B6, CYP1A2 e CYP3A4, que codificam enzimas com mesmo nome que são responsáveis por metabolizar a maioria dos antidepressivos e antipsicóticos.
Variações nesses genes podem acelerar ou reduzir a atividade das enzimas que eles codificam, o que pode afetar as concentrações plasmáticas do fármaco. Pacientes portadores de variantes podem ser classificados como metabolizadores lentos, intermediários, normais e ultrarrápidos. Metabolizadores lentos são mais propensos a apresentar eventos adversos ao tratamento, enquanto metabolizadores ultrarrápidos tendem a precisar de maiores doses para ter o efeito desejado.
Para antipsicóticos, metabolizadores ultrarrápidos em CYP2D6 apresentam resistência ao tratamento, hiperprolactinemia e aumento do tempo de hospitalização. Já variantes em CYP2C19 foram associadas a um aumento da sedação com quetiapina e risco de síndrome metabólica com clozapina.
Para antidepressivos, variantes em CYP2D6 foram associadas a eventos adversos (metabolizadores lentos) e baixa resposta (metabolizadores ultrarrápidos). Um estudo demonstrou que metabolizadores lentos e intermediários em CYP2C19 apresentam mais ganho de peso ao utilizar citalopram comparado com metabolizadores normais e ultrarrápidos. Variantes em CYP2B6 também demonstraram afetar os efeitos antidepressivos e de antitabagistas da bupropiona.
Como o teste farmacogenético pode ajudar no tratamento com psicoterápicos?
Estima-se que cerca de 95% da população geral seja portadora de pelo menos uma variante farmacogenética acionável, ou seja, para a qual há evidências clínicas suficientes que suportam o ajuste da dose ou a troca da terapia. Além disso, cerca de 60% dos pacientes recebem prescrição de pelo menos um medicamento afetado por uma variante farmacogenética.
O teste farmacogenético, então, pode ser extremamente útil para identificar indivíduos que apresentam riscos ao utilizar determinados medicamentos. Ele pode ser realizado em três momentos:
- Reativamente, em resposta a um evento adverso ou à falta de eficácia de um tratamento;
- No momento da prescrição de um medicamento novo;
- Preventivamente, de forma que o paciente carregue este resultado para o resto da vida para ser utilizado futuramente.
Este trabalho de revisão cita vários estudos clínicos que comprovaram a efetividade do teste farmacogenético na redução de eventos adversos e melhora da resposta a psicoterápicos, tais como o estudo GUIDED (que já descrevemos aqui) e o estudo PRIME.
Outros estudos também investigaram a relação entre variantes genéticas e a agranulocitose induzida por clozapina, que tem etiologia complexa e uma possível implicação de variantes de vários genes, incluindo HLA-B. A relação entre discinesia tardia e variantes genéticas em pacientes usuários de antipsicóticos também foi explorada, apresentando uma possível relação com o gene CYP2D6.
Como a farmacogenética está relacionada à saúde mental?
O tratamento de transtornos psiquiátricos deve ser integral, envolvendo não só a administração de medicamentos, mas também psicoterapia e mudanças do estilo de vida.
No entanto, muitos pacientes são impactados por eventos adversos durante o tratamento, ou não apresentam a resposta esperada. Estes percalços afetam a saúde mental do paciente nos mais diversos níveis, atrasando sua melhora, aumentando os custos totais do tratamento e causando frustrações.
O teste farmacogenético pode ser muito útil para melhorar a experiência do tratamento. Ao utilizar informações genéticas para selecionar o melhor medicamento e a melhor dose, as chances de o tratamento ter sucesso são maiores, melhorando a qualidade de vida e a saúde mental dos pacientes.
É importante ressaltar que o teste farmacogenético deve ser interpretado à luz de outros fatores, como, por exemplo, comorbidades, histórico médico e interações medicamentosas. Por isso, se precisar de ajuda para interpretar nosso teste, não hesite em nos contatar: contamos com um serviço gratuito de auxílio para interpretação de laudos.
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