O uso de medicamentos psicoativos para tratar condições de saúde mental em crianças e jovens tem aumentado, mas as variações individuais na resposta destacam a necessidade de medicina de precisão. Os testes farmacogenéticos (PGx) são um componente-chave dessa abordagem. O número de testes PGx comerciais disponíveis está crescendo rapidamente, mas sua utilidade clínica varia. Acesse o artigo na íntegra aqui.
Terminologia e conceitos importantes:
– Farmacogenômica/Farmacogenética (PGx): Investiga variações genéticas que explicam diferenças entre indivíduos relacionadas à disposição de medicamentos, resposta ao tratamento e ocorrência de reações adversas.
- Farmacocinética (PK): Genes que codificam proteínas que afetam os processos de absorção, distribuição, metabolismo e eliminação de medicamentos.
- Farmacodinâmica (PD): Genes que codificam proteínas-alvo de medicamentos ou que estão envolvidas em suas vias de ação.
Diretrizes de prática clínica em PGx: Organizações como o Clinical Pharmacogenetics Implementation Consortium (CPIC), Canadian Pharmacogenomics Network for Drug Safety (CPNDS) e Dutch Pharmacogenetic Working Group (DPWG) traduzem evidências de PGx em orientações para a prática clínica. Essas diretrizes identificam evidências de alta qualidade que apoiam indicações para testes PGx, sua relação com desfechos específicos e como os tratamentos devem ser ajustados para melhorar a eficácia e segurança dos medicamentos.
Associações medicamento-gene relevantes para a prática pediátrica: O artigo apresenta tabelas detalhando associações medicamento-gene com evidências suficientes para uso na prática clínica, incluindo:
- CYP2D6 e CYP2C19: Metabolizadores de vários antidepressivos e antipsicóticos.
- HLA-A31:01 e HLA-B15:02: Associados a reações cutâneas graves com carbamazepina.
- SLCO1B1: Afeta o metabolismo de sinvastatina.
Além disso, o artigo menciona várias outras associações medicamento-gene que têm sido implicadas em pesquisas, mas ainda não têm evidências suficientes para uso na prática clínica.
Interpretação dos resultados de testes PGx: O artigo fornece orientações para os profissionais de saúde interpretarem os resultados dos testes PGx, respondendo a quatro perguntas-chave:
- O teste foi realizado para uma associação medicamento-gene coberta por uma diretriz clínica de PGx?
- O tratamento atual da criança ou jovem está sendo afetado pelos resultados do teste PGx?
- O teste PGx pode orientar cuidados futuros para esta criança ou jovem?
- Os medicamentos não psicoativos que esta criança ou jovem está tomando estão sendo afetados pelos resultados do PGx?
Considerações importantes:
- Um tratamento em andamento que seja bem tolerado e eficaz geralmente não requer intervenção com base nos resultados do teste PGx.
- Os resultados do PGx podem ajudar a explicar falhas de tratamento ou reações adversas.
- Os resultados do PGx podem informar decisões sobre medicamentos a serem evitados ou otimização de dosagem para tratamentos futuros.
- É necessário cautela ao considerar recomendações de PGx que sugerem prescrever uma dose mais alta em comparação com o tratamento padrão.
Conclusões e relevância do teste farmacogenético:
- Utilidade clínica: Os testes PGx têm o potencial de melhorar significativamente o tratamento de crianças e jovens com condições de saúde mental, permitindo uma abordagem mais personalizada e precisa na prescrição de medicamentos psicoativos.
- Otimização do tratamento: Os resultados dos testes PGx podem ajudar os médicos a selecionar medicamentos mais apropriados, ajustar dosagens e evitar medicamentos com maior probabilidade de causar efeitos adversos em pacientes específicos.
- Prevenção de reações adversas: A identificação de variantes genéticas associadas a reações adversas graves (como as reações cutâneas à carbamazepina) pode prevenir eventos potencialmente fatais.
- Melhoria da eficácia: Ao identificar pacientes que são metabolizadores lentos ou rápidos de certos medicamentos, os médicos podem ajustar as doses para maximizar a eficácia e minimizar os efeitos colaterais.
- Orientação para tratamentos futuros: Os resultados dos testes PGx podem fornecer informações valiosas para orientar decisões de tratamento ao longo da vida do paciente, não apenas para o tratamento atual.
- Limitações: É importante reconhecer que os testes PGx têm limitações e não devem ser usados isoladamente para tomar decisões de tratamento. Fatores clínicos e preferências do paciente continuam sendo os principais guias na escolha de medicamentos.
- Necessidade de educação contínua: À medida que o campo da farmacogenômica continua a evoluir, é crucial que os profissionais de saúde se mantenham atualizados sobre as últimas evidências e diretrizes.
- Potencial para redução de custos: Embora não abordado diretamente no artigo, a implementação bem-sucedida de testes PGx tem o potencial de reduzir custos de saúde a longo prazo, evitando tratamentos ineficazes e reduzindo hospitalizações devido a reações adversas.
- Necessidade de mais pesquisas: O artigo destaca várias associações medicamento-gene que ainda não têm evidências suficientes para uso clínico, enfatizando a necessidade de mais pesquisas nesta área.
- Abordagem multidisciplinar: A interpretação e aplicação dos resultados dos testes PGx muitas vezes requerem uma abordagem multidisciplinar, envolvendo pediatras, psiquiatras, farmacologistas clínicos e farmacêuticos.
Em resumo, os testes farmacogenéticos representam uma ferramenta promissora para melhorar o tratamento de crianças e jovens com condições de saúde mental. Embora ainda existam desafios na implementação generalizada e na interpretação dos resultados, o potencial para melhorar a segurança e eficácia dos tratamentos é significativo. À medida que mais evidências se acumulam e as diretrizes clínicas são refinadas, espera-se que os testes PGx se tornem uma parte cada vez mais importante da prática pediátrica no futuro próximo.
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