A medicina de precisão vem transformando o cenário da saúde ao oferecer estratégias de tratamentos e prevenção personalizadas, levando em consideração as diferenças individuais em estilo de vida, ambiente e constituição biológica. O uso da farmacogenética na oncologia contribui para esse avanço, reduzindo eventos adversos e maximizando a efetividade dos quimioterápicos.
No entanto, ainda há desafios. Um deles é que os estudos de associação de farmacogenética devem começar a considerar a ancestralidade das diferentes populações. O artigo desta semana discute os avanços e desafios da farmacogenética na oncologia neste sentido, e pode ser lido aqui.
A farmacogenética na oncologia
Um dos exemplos da aplicação da farmacogenética na oncologia é com o 5-fluorouracil (5-FU), amplamente utilizado no tratamento de tumores sólidos. O tratamento com 5-FU que pode causar toxicidade severa em pacientes com deficiência na enzima DPD, devido a variações no gene DPYD. Outro exemplo são as variantes nos genes TPMT e NUDT15 para o tratamento com tiopurinas, como a azatioprina, utilizada para tratar câncer e transtornos autoimunes.
Apesar do risco de toxicidade ao tratamento devido à variabilidade dessas enzimas, a adoção do teste farmacogenético preventivo ainda varia muito mundialmente. Alguns países, como a Espanha, já implementaram a farmacogenética nos sistemas de saúde, enquanto outros ainda não integraram esse teste na prática clínica.
Para auxiliar os profissionais de saúde, o Consórcio de Implementação da Farmacogenética Clínica (CPIC) e outras instituições desenvolvem diretrizes baseadas em evidências para incorporar a farmacogenética na prática clínica. No entanto, desafios como a diversidade genética e a necessidade de dados representativos de diferentes etnias permanecem.
Farmacogenética e ancestralidade
A efetividade e segurança dos tratamentos oncológicos pode variar significativamente entre indivíduos de diferentes etnias. Contudo, a maioria dos estudos farmacogenéticos foi realizada em pacientes de ancestralidade europeia, o que resulta em desigualdades nos dados de associações farmacogenéticas e, possivelmente, nos resultados do tratamento.
Tradicionalmente, categorias como raça, região e etnia têm sido usadas como definidores de ancestralidade genética. No entanto, o uso dessas características pode levar a suposições errôneas sobre homogeneidade genética em uma população. Além disso, em geral, a raça e etnia são autorrelatadas, o que pode levar a erros quanto à presunção da ancestralidade genética.
A análise das frequências de variantes genéticas revela grandes diferenças entre as populações. Algumas variantes em DPYD, por exemplo, são mais prevalentes em indivíduos de ascendência africana. Outro exemplo é a descoberta tardia da importância de variantes no gene NUDT15 na resposta às tiopurinas, somente 20 anos após a descoberta de TPMT. Isso ocorreu porque variantes deletérias em NUDT15 são mais comuns em indivíduos leste-asiáticos do que em europeus e africanos.
Para superar essas disparidades, é importante ampliar os estudos de farmacogenética para incluir grupos sub-representados, garantindo assim que os avanços na área beneficiem todas as populações de forma equitativa.
Devido à essa sub-representação, é ainda mais necessário utilizar clinicamente testes que trazem apenas informações com alto nível de evidência científica, como o da Conectgene. Nossos testes trazem informações farmacogenéticas com elevado nível de evidência científica e os relatórios são atualizados com novos medicamentos e novas evidências publicadas, a cada 6 meses.
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